domingo, 16 de novembro de 2008

sábado, 15 de novembro de 2008

Em busca da música



Em virtude da construção dos instrumentos feitos de cerâmica, tive a necessidade e a vontade de ir em busca da música. Foi muito produtivo e divertido. O vídeo acima mostra um feliz encontro no curso do SESC Pompéia.

Trabalho social, trabalho sociável

Além de ministrar aulas particulares e em pequenos grupos em meu ateliê, recentemente participei de uma experiência dignificante e gratificante, foram aulas de cerâmica na ONG Care com adolescentes carentes da região de Francisco Morato.
Iniciamos com peças simples e utilitárias para que começassem a ficar familiarizados com o trato da argila.





Mas, uma das surpresas mais gratificantes foi a criação dos instrumentos musicais cerâmicos, os quais não constituíam o foco inicial, mas, sensibilizaram a todos. A confecção deles gerou uma comunhão benéfica entre diferentes pessoas, tanto entre os alunos da cerâmica, quanto entre turmas, como a da marchetaria. Além disso, acrescentou conhecimento e prazer aos professores que se realizaram muito, mas, sobretudo criou mais vínculos no grupo.

A criação dos instrumentos de cerâmica gerou um fluxo constante de troca de informações como: qual seria o tamanho adequado do instrumento, qual som geraria, se estava sendo construído de forma correta, etc. Houve comoção geral e afloramento de alguns talentos antes, ainda, inertes. Parecia estarmos construindo um prédio. Uma experiência maravilhosa que todos vivenciamos.


Os alunos tomaram posse dessa atividade, se envolveram com tamanha responsabilidade, que ficaram concentrados em fazer, em aperfeiçoar, decorar, personalizar suas peças, para vê-las finalizadas e produzindo som. Demonstraram o desejo de exibi-las, dominando o som de seu instrumento e, de forma solidária, ensinando um ao outro.A criatividade se soltou e a felicidade reinou absoluta.

A magia e a comunhão do fogo



É como se fôssemos hipnotizados e nos remetêssemos a nossa infância quando tínhamos contato com as fogueiras de datas festivas.
Dentro de um mundo tão tecnológico, poder nos sentir como os povos primitivos do passado ou como as culturas primitivas atuais, como, por exemplo, os beduínos e os indígenas é uma sensação maravilhosa. Vivenciamos tantas emoções neste momento, que nos tornamos eloqüentes, felizes e tagarelas, é um momento de confraternização e com certeza de estarmos mais próximos uns aos outros, principalmente neste mundo de tanto distanciamento.


Redução no Raku



O processo de redução das peças de raku foi um caminho aberto por Paul Soldner.
Retira-se a peça ainda incandescente do forno e transfere para um recipiente contendo matéria orgânica, como palha, serragem de madeira, capim seco ou folhas secas, esta entra em combustão, produzindo fogo. Imediatamente tampa-se o recipiente que por falta de ar, a matéria orgânica que rodeia as peças desprende gases carbônicos, ou seja, fumaça.

A fumaça penetra na massa porosa enegrecendo-a toda. As linhas de agretamento característica de alguns vidrados que se destacam pelo depósito de carbono sobre elas. O tratamento por fumaça nas peças de raku produz uma superfície caprichosa e complexa que dificilmente se repetirá de outra maneira, ou seja, outro tipo de queima.

Muitos ceramistas utilizam o processo acima, em peças esmaltadas com vidrados que contém óxidos que metalizam. Efeito conseguido pela fumaça do recipiente.








Raku, uma possível definição


A busca pelas diferentes texturas é algo mais recente no Raku, busca por esmaltações ricas que tornam cada peça única. Um universo que mistura química, cálculos mátemáticos, física e, sobretudo, a inspiração na natureza. Enfim, a arte emerge como linguagem única.






RAKU - ORIENTE

O processo foi descoberto e praticado pelos ceramistas japoneses. As formas se limitavam quase inteiramente a xícaras de chá modeladas a mão de tamanho modesto e forma quase irregular. no século XVI. As xícaras de raku japonesas são de dois tipos. O raku vermelho feito de argila normalmente vermelha ou creme, era esmaltado com um vidrado de chumbo aplicado grossamente. O Raku negro que não difere em forma ou função do vermelho era esmaltado a uma temperatura muito mais alta.

RAKU – PASSAGEM PARA O OCIDENTE

O raku que se desenvolveu e expandiu na América é muito diferente do original do Oriente, tanto na forma, conceito e uso. O que gera muita controvérsia e questionamentos. A palavra “raku” parece inapropriada aos olhos dos ceramistas japoneses mais tradicionais. É como se estivéssemos profanando o processo original, já que e o sentido da palavra Raku, para eles, é uma expressão de contentamento, simplicidade e quietude na cerâmica. O raku que se pratica no Ocidente passou e passa constantemente por muitas linguagens, assim como a evolução humana, sempre com sede de novos conhecimentos. Aqui ele é propenso a ser de cores chamativas, e às vezes não. Sua forma é simplesmente escultural e não funcional. Porém, há aspectos muito comuns ao raku oriental, como o respeito e a alegria que nos proporciona por estarmos tão intimamente próximos a magia do fogo.




A arte final, não importa se no Japão antigo ou no Brasil contemporâneo, obedece a arte milenar de queima e contato com o fogo.




O que torna cada peça única é a sua fonte de inspiração. A queima gera texturas e nuances de cores que são como a impressão digital de cada peça que acaba de nascer.